Perguntas à consciência sacerdotal dos padres ditos “tradicionalistas” de Campos, e carta de apoio moral às centenas de fiéis perplexos da Administração Apostólica de Dom Fernando Rifan, pelo Pe. Joël Danjou
“Prega a palavra, insiste, quer agrade quer desagrade, repreende, adverte, exorta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão os seus ouvidos da verdade para os abrirem às fábulas.” São Paulo, apóstolo (II Tim 4, 2-4)
Prezados padres de Campos, padres que ouviram e podem ainda ler (isso hoje é um verdadeiro privilégio, muito pouco comum) Dom Antonio de Castro Mayer!
Até quando, até onde?
Que nova declaração humilhando a fé e a moral católica esperam de Dom Rifan para proteger vossos fiéis? Que nova mentira pública de Dom Rifan necessitam? Que nova traição medonha solicitam?
– Os milhares de casamentos celebrados na presença dos senhores, durante 20 anos, foram então todos nulos?
– É verdade que dizer “(…) recorremos então a um sacerdote verdadeiramente católico, que segue a orientação tradicional da Igreja de sempre” denota “a falsa idéia substrata de sedevacantismo com sabor cismático, insinuando a exclusividade católica do grupo, em meio à defecção geral da Igreja hierárquica e oficial”, conforme o explica agora Dom Rifan?
– Dom Antonio de Castro Mayer levou os senhores e os fiéis ao cisma?
– Eram finalmente os padres de Campos padres “irregulares” e justamente repreendidos, e que agora afirmam no mundo inteiro estarem de repente “reconhecidos” em 2002 sem exigência nenhuma?
– Era justo chamar os senhores de ‘cismáticos’ e de ‘excomungados’ entre 1988 e 2002!?
– Não tinha “grave incômodo” nem estado de necessidade para justificar a construção de novas igrejas para o culto católico em Campos?
– É hoje atitude que merece alguma pena ou castigo a “resistência às autoridades eclesiásticas quando elas não ilustram a doutrina da Tradição Apostólica e permitem seja maculada a Fé imaculada, ou seja, quando trabalham na auto-demolição da Igreja”? (Informe doutrinário, 1999)
– Concordam com Dom Rifan em macular a memória de Dom Marcel Lefebvre e em acusá-lo de ter atrasado em 25 anos (vinte e cinco, sim!) a liberalização da Santa Missa?
– A Missa nova não é mais “um caso de consciência” ou uma “questão de Fé” para os senhores? (“A Missa Nova: um caso de consciência” – compilado sob a responsabilidade dos padres tradicionalistas da Diocese de Campos – Artpress – São Paulo – Setembro de 1982).
– As “62 razões pelas quais, em consciência, não podemos assistir à Missa Nova” foram escritas por “um” padre de Campos? Os senhores o conhecem? E muitas dessas razões são exageradas, como o declara agora Dom Rifan publicamente, como o fez em reunião pública organizada no dia 21 de fevereiro de 2006 em Paris pelo ‘Centre Saint Paul’ do padre de Tanouarn (hoje Assistente do padre Philippe Laguérie no IBP)?
– O livro do padre Rifan “quer agrade quer desagrade” (Gráfica Lobo, 1999) não agrada mais aos senhores?
– O “informe doutrinário – Nossa posição, na atual situação da Igreja”, assinado em 22 de agosto de 1999 por vinte sacerdotes de Campos, RJ – Brasil, segue sendo a posição e a doutrina atual dos senhores em 2007?
– Esse “informe doutrinário” tem alguns erros de doutrina?
– Por que essas publicações desapareceram totalmente das livrarias da Administração Apostólica, já que houve pleno “reconhecimento da Tradição” em Campos em 2002?
– Dom Rifan e o padre Claudiomar Souza não comungaram na concelebração de Aparecida em 8 de setembro de 2004, como se averigua na gravação da emissora de televisão Rede Vida?!!!
– Os escritos de Dom António de Castro Mayer só podem ser lidos hoje através das citações escolhidas por Dom Rifan nas suas cartas pastorais?
– Não seria, ao contrário, muito oportuno publicar algumas cartas pastorais de Dom António como “pelo casamento indissolúvel” 23.03.1975, “A realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo” 8.12.1976, “Aggiornamento e Tradição” 11.04.1971?
– São repreendidos ou devidamente punidos os sacerdotes da Administração Apostólica de Dom Rifan que falam em público e nas pregações sobre a gravidade e a matéria dos próprios pecados dos fiéis, tornando o sacramento da confissão odioso?
– Deram-se conta de que agora é permitido na Administração Apostólica e numa Carta Circular de Dom Rifan (16 de julho de 2007, página 7) escrever: “mas infelizmente no coração deles (“as pessoas ligadas à Fraternidade São Pio X de Dom Marcel Lefebvre” página 6) não há lugar ainda para o Santo Padre.”? Dom Rifan conhece os segredos dos corações? Dom Rifan está acima da Lei divina?
– Quando se trata de julgar “as pessoas ligadas à Fraternidade São Pio X de Dom Marcel Lefebvre”, o juízo temerário em matéria grave deixa de ser pecado mortal?
– É verdade que todos nós precisamos voltar ao ensinamento dos textos do Concílio Vaticano II que são como a fonte de renovação e de unidade na Igreja (citada “Carta Circular”, página 18)?
– É verdade que a Missa de Paulo VI foi “adotada há 37 anos unanimemente por toda a Igreja docente”!? (Citada Carta Circular, página 32). Dom Antônio de Castro Mayer a adotou? Dom Fernando Rifan a adotou?
– Prezados padres, existe alguma circunstância em que autoriza um católico a aceitar, sem cometer pecado, que sua fé diminua?
– Prezados padres, existe alguma circunstância em que autoriza um sacerdote católico a aceitar, sem cometer pecado, que a fé e a moral de suas “ovelhas”, de seus fiéis, diminuam?
– Prezados padres, os senhores se lembram do Bispo que, em Campos, no dia 3 de janeiro de 1982, escreveu: “Como se trata de matéria relacionada com a Fé, não posso recusar meu testemunho” ?
– Enfim, alguém em Campos RJ teria ainda a honra de pregar aos fiéis da Administração Apostólica todas as verdades que escrevia corajosamente o padre Rifan em 1999 no livro “quer agrade quer desagrade”?
“Quer agrade quer desagrade” Pe Fernando Arêas Rifan – páginas 65 e 66 – Gráfica Lobo, 1999
CASO LEFEBVRE
Dois artigos publicados no J.B. de 08/07/88, de Dom Marcos Barbosa e Dom José Fernandes Veloso, sobre Dom Marcel Lefebvre, merecem reparos.
Ambos tentam mostrar o grande “amor” e “compreensão” do Vaticano para com Dom Lefebvre, amor e compreensão que culminaram com o açodamento em declarar a excomunhão, apesar de ele não ter professado, conforme afirma o Cardeal Silvio Oddi, nenhum erro doutrinário, mas sim fidelidade à Igreja.
A Santa Sé, depois do Concílio Vaticano II, não tem mais condenado os protestantes, os cismáticos – levantou a excomunhão dos cismáticos ortodoxos – nem os professores católicos que escrevem heresias como frei Leonardo Boff, da diocese de Dom Veloso, nem os favorecedores do comunismo que promovem invasões de terras etc., ninguém é excomungado. O “amor” e a “compreensão” foram reservados para Dom Lefebvre e Dom Mayer que procuraram manter a Tradição conforme o ensinamento perene da Santa Igreja.
Dom Marcel Lefebvre não tem nenhum erro doutrinário. Ele não nega absolutamente a infalibilidade pontifícia, nem tampouco defende idéias liberais dos Velhos Católicos, algumas delas adotadas na Igreja Conciliar. Ele constata sim o favorecimento da heresia e o caráter heretizante das novas reformas litúrgicas. É bom lembrar que o Concílio Vaticano II foi um Concílio Pastoral e, portanto, não tem a mesma autoridade doutrinária que os outros Concílios dogmáticos, e é em nome destes que são rejeitadas algumas teses do Vaticano II que os contradizem.
“Quanto à frase alegada ‘onde está Pedro está a Igreja’, ela vale quando o Papa se comporta como Papa e chefe da Igreja; caso contrário, nem a Igreja está nele nem ele na Igreja” (Card. Caetano II-II, 39, 1 – Cardeal Journet ‘L’Eglise Du V. Inc. Pág. 596).
Quanto à defesa que fazem do Concílio Vaticano II, dizendo que os abusos não são culpa do Concílio, eu pergunto: quais abusos? Será abuso do Vaticano II, por exemplo, João Paulo II visitar um templo luterano, elogiar a profunda religiosidade e a herança espiritual de Lutero e participar de um ofício herético?
Será abuso do Vaticano II o encontro de Assis, patrocinado pela Santa Sé, onde o ídolo de Buda foi colocado sobre o Tabernáculo do Altar principal da Igreja de São Pedro e lá adorado pelos bonzos? Pois João Paulo II lhes responde que não é abuso, pelo contrário, tudo isso está na linha do ecumenismo recomendado e promovido pelo Concílio Vaticano II (conf. Alocução aos Cardeais e Prelados da Cúria Romana – Observatore Romano, Ed. Port., 04/01/1987, pág. 1 e 3). Esta é a melhor resposta àqueles que querem inocentar o Concílio dos abusos que se lhe seguiram. Estão sob a árvore, os maus frutos lhes caem na cabeça e querem negar que procedem daquela árvore.
[Fim do texto das páginas 65 e 66 do livro do Pe Rifan]
Conclusão
– Dos Atos dos Apóstolos (Capítulo IV, versículos 19-20):
“Mas Pedro e João, respondendo, disseram-lhes: Se é justo diante de Deus obedecer antes a vós que a Deus, julgai-o vós mesmos; não podemos, pois, deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido.”
– Da Carta Pastoral sobre a realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Dom Antônio de Castro Mayer, Bispo de Campos, 8 de dezembro de 1976:
“A implantação do Reinado de Jesus Cristo na sociedade é meta apostólica que incumbe a todos os fiéis. Deve, porém, ser propulsada sempre de maneira ordeira e pacífica, à imitação de Jesus Cristo e dos Apóstolos, que obedeceram e mandaram obedecer aos poderes públicos constituídos, excetuando-se apenas os casos em que o poder impunha leis ou ordenava algo contra a Vontade de Deus. Dos primeiros cristãos afirma Leão XIII que “eram exemplares na lealdade aos imperadores e obedientes às leis enquanto era lícito. Entretanto, espalhavam um resplendor magnífico de santidade, procurando outrossim ser úteis aos seus irmãos e atrair os demais à Sabedoria de Cristo: dispostos, porém, sempre a retirar-se e a morrer valentemente se não podiam reter as honras, dignidades e cargos públicos sem faltar à consciência” (Enc. Immortale Dei).”
ANEXO
Da concelebração de Aparecida – o dia 8 de setembro de 2004