Bento XVI viajará para Assis em Outubro de 2011

Em 1º de janeiro de 2011, por ocasião do 44º Dia Mundial da Paz, Bento XVI anunciou que irá viajar em Outubro para Assis para o aniversário do encontro inter-religioso que João Paulo II organizou em 27 de outubro de 1986.

Vinte e cinco anos depois da reunião dos líderes de todas as religiões do mundo, Bento XVI irá “como peregrino” a Assis, “convidando os meus irmãos cristãos das várias denominações, os expoentes das tradições religiosas mundiais a aderir a esta peregrinação e, idealmente, todos os homens e mulheres de boa vontade” para acompanhá-lo com a finalidade de lembrar o gesto histórico de João Paulo II. O papa também expressou a esperança que os crentes de todas as religiões renovem “solenemente” seu compromisso de viver a própria fé religiosa como um serviço à causa da paz.

Pouco antes de recitar o Ângelus, na presença de milhares de peregrinos que se reuniram na Praça de São Pedro, Bento XVI afirmou que um dos desafios “dramaticamente urgentes” de nosso tempo é a liberdade religiosa. Estas observações foram feitas após o ataque contra a Igreja Copta de Al-Kidissine em Alexandria, no norte do Egito, na noite de 31 de dezembro para 1º de Janeiro deixando 21 mortos e dezenas de feridos. “A paz não é obtida com armas nem com o poder da economia, da política, da cultura ou da mídia. A paz é alcançada pelas consciências que estão abertas à verdade e ao amor”, declarou o papa.

Bento XVI mencionou duas tendências opostas que ele tinha denunciado em sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, publicada em meados de dezembro e intitulada “Liberdade Religiosa, o Caminho para a Paz”. Ele denunciou o “secularismo, que marginaliza a religião, a fim de confiná-la à esfera privada”, e o “fundamentalismo que, ao contrário, gostaria de impô-la a todos pela força. Portanto, o papa continuou: “A liberdade religiosa é… um caminho privilegiado para a construção da paz.”

Comentário: Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, podemos ler as seguintes afirmações sobre a liberdade religiosa, que é apresentada como “um bem essencial: cada pessoa deve ser capaz de exercer livremente o direito de professar e manifestar, individualmente ou em comunidade, sua própria religião ou fé, em público e em privado, no ensino, na prática, em publicações, no culto e nas observâncias rituais. Não deve haver nenhum obstáculo para que ele ou ela acabe desejando pertencer a outra religião ou para não professar nenhuma. Nesse contexto, o direito internacional é um modelo e um ponto de referência essencial para os estados, na medida em que não permite a revogação da liberdade religiosa, enquanto as justas exigências da ordem pública sejam observadas.” Um pouco mais a frente, Bento XVI declara: “Em um mundo globalizado marcado cada vez mais por sociedades multiétnicas e multi-religiosas, as grandes religiões podem servir como um fator importante de unidade e paz para a família humana. Com base em suas [próprias] convicções religiosas e em sua fundamentada busca do bem comum, seus seguidores são chamados a dar expressão responsável a seus compromissos dentro de um contexto de liberdade religiosa.” E ele convidou-os a “uma visão serena e equilibrada do pluralismo e da laicidade das instituições”.

Vemos, então, como, para o papa, uma estreita conexão é estabelecida, em sua Mensagem para a Paz e o anúncio de sua viagem a Assis, em outubro, entre a liberdade religiosa e o diálogo inter-religioso, entre o secularismo e a paz. Esta paz deve ser obtida pelo reconhecimento do pluralismo secular, em nome da liberdade religiosa, que autoriza o diálogo inter-religioso. A verdade revelada é então reduzida ao nível de outras “convicções religiosas”.

Retirado e traduzido de Dici.org